Apesar de tão repetitivo e muitas vezes distorcido, o tem “racismo” não é simples nem pequeno.
Não é simples pois com base nas análises sociológicas o mesmo se desdobra em subtemas que se “desenrolam” como um pergaminho.
Também não é pequeno, uma vez que segundo o IBGE, em 2022, 55,5% da população brasileira se auto declarava negra, incluindo pretos e pardos, então só pelo aspecto percentual não há como tratar com reducionismo o tema.
Há alguns meses e já afastado da sala de aula há alguns anos, fui questionado sobre o assunto.
No início tentei recordar algumas teorias sobre “Raça e Etnia”, abordando linhas de análise interpretativa de “Racismo e Discriminação Étnica”, desdobrando-se nas interpretações psicológicas e sociológicas.
Me recordei também da abordagem sobre “Integração Étnica e Conflito Étnico”, além de poder ainda incluir subtemas como “Movimentos Migratórios e Diásporas Globais”…
Cansei de tentar interpretar analiticamente o tema e fui por outro caminho.
Retornei então à minha infância para tentar analisar como este conceito foi construído em minha vida.
Me surpreendi!
Aqueles que conhecem a mim e minha família, sabem que cresci indo com meu pai “Cabo Zé”, às festas de São Benedito, com ele botando jongo no tambor de Seu “Pedro Macaco”.
Fui com minha mãe inúmeras vezes à casa de “Dona Mariquinha da Chácara” e comíamos manjuba assada num buraco no quintal sob brasas, e era uma delícia tá?
Brinquei e muito na casa de “Seu Pedro Chafundado” com meu amigo “Pedrinho”.
Quanto nós nos divertíamos na casa de “Dona Genelice e Seu Rinaldo” nos ensaios de quadrilha, sem contar as vezes que fui lá seja por causa do vôlei ou só pra visitar mesmo.
E na casa de “Dona Mulata”, quantas vezes? E a comida era maravilhosa, meu Deus!!!
Na casa de “Seu Alcentino” também, mais um amigo de meu pai, fui e não foram poucas vezes não…
E “João da Ponta” que fazia a melhor bala que já provei em minha vida e ia lá em casa pra isso tá???
Sem tantos outros não mencionados aqui.
Destaco que todos os nomes citados (ou apelidos) são reais, e me recordo dos que já não se encontram aqui com muito carinho e respeito e peço permissão a seus familiares para isso.
Mas tenho duas coisas a afirmar, primeiro: as amizades daquela época são especiais e perduram até hoje. A outra, é que eu não sei se sou a pessoa ideal para responder a pergunta que me foi feita.
Joilton Sergio Rosa
Cientista Social