De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com uma produção anual de 35 bilhões de litros. O Espírito Santo tem aproximadamente 10 mil produtores, em sua maioria agricultores familiares, com uma produção de 2 bilhões de litros por ano. Para falar sobre segurança alimentar do leite e de seus derivados, a Feira da Agroindústria Capixaba recebeu, nesta quinta-feira (7), a fiscal agropecuária do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), Priscila Firmino Andrade.
Mestre em Medicina Veterinária, ela é a responsável técnica pelo laboratório de análise da qualidade do leite do Idaf e falou sobre a qualidade do leite e dos derivados lácteos, com foco na cadeia de produção, desde a matéria-prima até o produto final.
“É preciso ressaltar a importância das etapas para a qualidade final do produto e da segurança alimentar, para que não haja nenhum tipo de problema, toxinfecção alimentar, enfim, os problemas que podem ser relacionados quando há falta de qualidade ou uma qualidade ruim do leite ao longo do caminho”, pontuou.
Priscila chamou a atenção para a importância da matéria-prima para a qualidade do produto final. “Às vezes você tem um processamento muito bacana ao longo do processo, porém, quando a matéria-prima já vem com um problema bacteriológico ou com uma infecção, no caso de mastite, o produto final já tende a passar por algum tipo de problema. Ou é redução do tempo de vida de prateleira, ou ele estraga mais rápido, ou ele pode fermentar, no caso de alguns tipos de derivados de leite”, alertou a palestrante.
Produto capixaba
A fiscal do Idaf avaliou que a qualidade do produto capixaba vem melhorando ao longo da última década. “A gente viu uma melhora muito grande na qualidade do leite, eu trabalho no laboratório de análise da qualidade do leite desde 2011, e a gente percebe uma evolução, uma melhora muito grande, especialmente no que se refere à contagem bacteriana, que tem a ver com a higiene da ordenha, com a higiene de materiais, tudo que entra em contato com leite”, revelou.
Para ilustrar a qualidade da produção, a convidada destacou os produtos expostos na feira. “Antigamente a gente tinha uma mentalidade um pouco mais fechada pra essa noção de higiene, então hoje a gente percebe a qualidade, como ela melhorou. Então, assim, os produtos, eles têm muita qualidade, a gente observa, nessa feira, por exemplo, a gente consegue observar o tanto de produto bacana que tá sendo exposto aqui pra vender”, acrescentou a especialista.
Higiene
A higiene desde a ordenha até a destinação final é fundamental para garantir um produto saudável na mesa do consumidor. “A gente ainda tem alguns casos de contagem bacteriana muito elevada. O que sugere ainda uma necessidade de observar ao longo da cadeia, como eu falei, essa questão da higiene. Quando a gente pensa em higiene a gente pensa lá na ordenha, mas às vezes é uma linha de produção, uma linha que não foi bem higienizada”, afirmou.
“Às vezes é uma cadeia de frios que está mal instalada, então o leite sai com uma qualidade boa e ele vai ser entregue num outro ponto e chega com uma temperatura mais elevada e aí a qualidade cai. Então a gente ainda observa esse tipo de falha, mas a gente percebe a movimentação dos produtores de forma geral, dos laticínios, em promover essa melhora da qualidade”, complementou a veterinária.
Laboratório
Priscila ressaltou que o laboratório de análise da qualidade do leite do Idaf é o único estadual que pertence à Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL). “Essa rede brasileira faz esse trabalho no país inteiro, de monitoramento da qualidade do leite, dos laticínios, trabalhando em parceria com os laticínios, com os serviços de inspeção. Então é um laboratório que tem a certificação do Inmetro e pertence à RBQL”, afirmou.
“São só nove laboratórios no Brasil, e o laboratório do Idaf é um deles, e o único estadual. A gente tem laboratórios públicos, mas são de universidades ou do Embrapa. Aí você vê a importância do laboratório para essa cadeia, né? Porque os produtores precisam analisar o leite pelo menos uma vez por mês. Então, tendo essa proximidade, porque antigamente eles tinham que mandar para Minas ou para São Paulo, e nós já temos a certificação desde 2020”, disse.
“Então, a gente está nesse processo ainda. Tem muitos produtores que ainda mandam para fora por algumas outras questões, mas a ideia é que a gente consiga trabalhar atendendo todo o estado e a adjacência. A gente tem laticínios da Bahia, Rio de Janeiro, que já fazem análise com a gente”, finalizou Priscila.
A feira
Com destaque para o trabalho dos produtores rurais, a “Feira da Agroindústria Capixaba – Raízes do Campo” é realizada pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) e começou na terça-feira (5). No espaço de aproximadamente mil metros quadrados o público pode degustar e comprar produtos dos 30 expositores e ainda participar da vasta programação com palestras, oficinas e minicursos até sexta-feira (8).
Próximas atividades
7/11 (Quinta-feira)
13h às 17h – Minicurso “Culinária com Queijo”, com a instrutora Kelly Cristina Alves Feitosa, do Senar/Es
13h às 21h – Exposição de produtos das agroindústrias
08/11 (Sexta-feira)
8h às 12h – Minicurso “Dietas Especiais”, com a instrutora Kelly Cristina Alves Feitosa, do Senar/ES
9h às 10h – Palestra “Compreendendo o Cenário Nacional e Estratégias para Impulsionar a Produção de Alimentos com Qualidade: Cafés, Queijos e Carnes”, com Denes do Rosário, doutor em Ciência de Alimentos e pesquisador de Pós-Doutorado da Ufes;
10h30 Às 11h30 – Oficina “Kefir de Água: Transformando Frutas Regionais em Bebidas Fermentadas Saudáveis, Gaseificadas e de Alto Valor Agregado”, com Luciano Teixeira, doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos e professor do Departamento de Engenharia de Alimentos da Ufes;
13h às 17h – Minicurso “Pães e Biscoitos”, com a instrutora Kelly Cristina Alves Feitosa, do Senar/ES
13h às 18h – Exposição de produtos das agroindústrias
18h – Encerramento